27.8.06

ALMA DE ARTISTA

Vi o rosto de um homem cheio de ternura. Seus olhos brilhavam como os de uma criança descobrindo um novo brinquedo. Seu sorriso era aberto, franco, verdadeiro, e ele encantava corações de todas as idades com as suas palavras e sons. Pensei: é isso que é um artista! Uma criança eterna, alguém que não se conforma com os conformes, com a estagnação do pensamento, dos sentimentos. O artista não ignora a beleza das coisas, não cansa o olhar, não o vicia e continua a manter aquele mesmo interesse da criança quando vai explorando, descobrindo a vida. Seu brinquedo é a sua arte, onde ele conta e reconta o descoberto, onde ele impregna a realidade de traduções suas que coincidem com várias realidades internas de outras tantas pessoas, e aí elas se sentem como se tivessem lavado a alma: alguém disse aquilo que me habitava sem que eu conseguisse traduzir! Era assim o que eu percebia nos seus olhos, no seu riso, no seu corpo.
O artista é um tradutor da vida, das suas infinitas possibilidades. Quando, por alguma razão, não cumpre com o seu destino uma tristeza se abate sobre ele e uma voz interna lhe cobra insistentemente por isso. É assim que eu me sinto. Acho que é por isso que adoeço mais do que eu gostaria, e entristeço quando vejo-me impedida de expressar-me como deveria. Estou buscando uma ponte entre essa vida que tenho e o que realmente quero fazer.
Esse brilho no olhar desse moço é o retrato de uma alma que se segue, se escuta e se realiza. Quero aprender a me seguir, a me escutar e a me realizar.

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