11.3.09

Acordando o sol


Meus olhos percorrem o novo e te encontro solto no cotidiano que me embala. Olho-te de longe pra não sentir a velha sensação de segurança. Nas paredes brancas, sonho quadros que traduzam a alegria e a angústia que me compõem a vida. Viajo na possibilidade de expressar a inquietude que sempre me habitou, disfarçada de um tédio que quase me matou. Hoje estou feliz por me revelar tão múltipla, tão imprevisível pra mim, ainda que pareça a mesma para os outros. Os movimentos da alma são sutis e definitivos. Os movimentos da alma são infinitamente definitivos. Definitivamente infinitos. Sou infinita, mas um fio de luz me conduz. Já sei também das minhas escuridões provisórias, antes de encontrar um enorme clarão que me revela maior e mais inteira. As assombrações andam meio frustradas por eu não lhes dar mais a atenção de antes. Espero quietinha, ouvindo o meu coração, todas as noites amanhecerem. O sol é certo. É tão bom saber disso! O dia sempre amanhece. Tenho sonhado os meus dias e eles têm nascido mais claros e fortes. Não os entrego mais aos outros. Produzo os meus dias junto com Deus. Meu corpo se dilata um pouco mais, à medida que sonho. Folga suas grades e a alma invade outros espaços necessários. Tenho que olhar o mundo com um olhar novo. Tenho que olhar-te com um olhar despido do que foste antes. É imprescindível libertar a todos da velhice entediante que os prendi. Só assim serei livre pra nascer de novo e acordar o sol que há em mim.

20.2.09

Dançando com a vida




Fatos e fatos se sobrepondo à alma. Faltava-me a calma pra traduzir o gozo e a dor. Faltava a cor certa pra vestir-me depois de ter misturado as cores que achava serem as preferidas. A vida se modificava numa aparência que se mostrava repetida ao externo. As distorções, pelas quais passava o meu mundo interno na tentativa de buscar uma forma, apenas os meus olhos viam. Meus olhos derretiam anos de crenças, de paradigmas, de enigmas que aos poucos foram se tornando simples charadas que eu respondia com uma caminhada lenta, constante e definitiva. Sou uma caminhada sem fim, tentando chegar ao infinito de mim. Só a mim pertencem os louros, os fracassos, os equívocos, os encontros e desencontros... E a Deus! Mas nem sempre eu o ouvi falando dentro de mim. As minhas várias vozes abafavam a sua canção de paz e luz. Às minhas escolhas infelizes ele acrescentou um mundo de lições inesquecíveis que me fizeram consolar-me com os enganos cometidos. Tudo valeu a pena. Mas o melhor de tudo é permanecer caminhando, contemplando, refazendo, descobrindo, permitindo o movimento da vida e aprendendo a dançar com ela. A vida é uma linda e exótica bailarina! E eu quero continuar aprendendo novos passos.