26.11.10

Eterno



Não te vais de mim
Assim eu sinto.
Giras em torno desse sentimento omisso
Persistindo em acompanhar as mudanças do tempo.
E o tempo?
Dá voltas em torno de ti
Estonteia-te e te devolve ao mesmo ponto em que paraste.
Não me vou de ti.
Assim eu sinto.
Giro em volta do tempo dançando com a dor e a saudade
Dos dias e noites em que dancei contigo.
E o tempo?
Brinca comigo, ri do que sinto e passa...
O tempo passa alheio ao meu e ao teu conflito.
O tempo passa girando, levantando poeira, transformando tudo.
Mas o meu amor se esconde do tempo e do vento
E escondido chora ao te ver passar

18.11.10

Longa Estrada


O que alguém
Vai querer de alguém
Senão saber quem é quem
De onde vem
Sua força de viver
O que quer ser agora
Até crescer
E deixar de ser
O que pediram
Sem saber...

O que eu vou querer saber de você
Se nada sei de mim
E sigo assim
Completando o tempo
Com um falso viver
De querer ser
O que não sou
Só pra ganhar
O que não é meu?

O que você vai querer
Saber de mim
Se não souber de você
Se compreender
Pra não tomar como seu
O que é meu
Sem perceber...?

O que um ser vai querer
Senão crescer com o que é
Com o que guarda
Da sua caminhada
Nessa longa estrada
Do viver.

13.11.10

Noutra Estação



Fujo de ti
Vejo rastros onde passo.
Foges de mim
Sigo-te sem sentir.
Na imensidão que cobre a vida
Toda lágrima contida
Quer cair.
São teus os olhos que contemplam o sol partindo
E quando ele nasce
São teus olhos que se abrem pra louvá-lo.
As estrelas noticiam sonhos tristes
De um inverno sem previsão pra se acabar.
Mesmo assim brilham as estrelas!
Misturam tempestades com o amanhecer
E as nuvens vão cobrindo o que eu não posso ver.
Mas enxergo além das nuvens.
Quem é você?
Ser atônito
Invisível aos próprios olhos
Palpável, tangível nos meus sonhos crus
Que me elevam e derrubam toda porta que escavo
Que soterram a luz do dia quando acordo.
Há um ponto de luz no infinito
Há uma voz aliviada pelo grito
Há um ponto de encontro mais bonito
Que aquele pelo ego construído.
O presente que ofereci
Foi-se no vento.
Flutua no ar alheio ao tempo.
As mãos do tempo vão guiá-lo às tuas mãos
Quando não houver mais razão para fugir
Quando as estrelas já puderem dormir
E o inverno adormecer noutra estação.

5.11.10

(Sem) Saída




Como me alegro ao acordar ouvindo pássaros
Como me acalmo quando passo por jasmins
Como me perco em luas cheias e estrelas
Assim também vou te enxergar dentro de mim.

Como suspiro ao viajar em melodias
E me distraio com as nuvens lá no céu
Como amanheço contemplando o novo dia
Enxergarei você assim por trás do véu.

Só na distância
Posso dar o que não sentes
Nem tens espaço pra conter
O que inundou.
Só na ausência posso me tornar presente
Sem correr riscos de ferir tudo que sou.

Vou me partindo de você
E me partindo
Em mil pedaços para suportar a dor
De caminhar sem ter você no meu destino
Mesmo sabendo
Do infinito desse amor.