25.3.11

Bem Dita Palavra!


O desejo é algo indomável! A imagem que me vem é a de um cavalo selvagem. Foi assim que me senti ao ler o trecho dessa carta de Clarice Lispector; desejosa de expressar e domando o sentimento que corria sem palavras para defini-lo. Há tempos sem desejo de postar, sem ter condições de expressar o que me inquieta a alma nesse momento, me deparo com essa tradução de mim. Na impossibilidade de encontrar o que coubesse, o que vestisse esse meu sentir tão despido de expressão que o traduzisse, encontro a roupa certa e penso que agora posso partilhar sem correr o risco de não estar sendo inteira. Fiquei sem fôlego ao encontrar a bem dita palavra que me dizia. Bendita seja Clarice Lispector; bendita seja a minha verdade que um dia a habitou e me alcançou nesse momento, dando alento ao que carecia de definição. Como não sou única a perder momentaneamente “aquela” palavra, espero que essa carta alcance outros endereços, outras almas, outros corações.


Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro... há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase quatro anos me transformaram muito.

Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu...

Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força.

Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você -respeite sobretudo o que imagina ser ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver.

Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão.

Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é desistir de si mesma." ( Clarice Lispector - carta enviada à irmã - Paris, 1947 )

1.2.11

Acenda seu fogo!


Tenho tido pouco tempo pra postar e visitar amigos, então resolvi passar rapidinho e postar um vídeo que meu filho me mostrou e que mexeu comigo, com meu fogo interno (não esse que vocês podem estar imaginando, mas também poderia ser...). Então eu quis partilhar com vocês para que possamos juntos incendiar com nosso desejo mais profundo de viver. Qual é o seu fogo? O que lhe faz incendiar? O que lhe dá a sensação de estar pleno? As perguntas podem ser feitas também de outra maneira: o que lhe impede hoje de transformar sua faísca em fogo? Onde você está aprisionado (a)? Quais são as grades de crenças que você construiu? Quem o(a) colocou nessa gaiola? Liberte suas asas! Voe! De quem é o NÃO que você carrega e lhe impede de acender sua fogueira da vida? Pergunte-se e jogue tudo que o limita no fogo que há dentro de você querendo queimar e incendiar sua vida de luz, amor, alegria, sucesso, felicidade, realização! Qual é o seu fogo de artifício? Acenda-o já!Viva! Seja feliz agora!



24.1.11

Cá comigo


Deixe-me aqui.
Quero ficar comigo!
Há tanto não consigo isso
Entretida com vidas que me cercam.
Mas agora já é hora de ficar comigo,
Esquecer das horas, distraída com meus sonhos
Minhas pequenas besteiras
Minhas viagens de cabeça.
Deixe-me aqui um pouquinho...
Não quero testemunhar nada agora.
Não quero sair de mim.
Quero ficar de fora da roda,
Quero ficar fora de moda pra ver o meu próprio estilo.
Deixe-me assim perdida em mim por um momento.
Preciso desse papo sem hora pra acabar.
Depois eu vou voltar mais completa
Com a alma mais inteira para partilhar.

19.1.11

Sem endereço



A jóia ofertada

Foi embrulhada

No papel mais bonito que achei.

Foi tudo com brilho

O verso

O estribilho

O som refinado

O tom definido.

Mesmo assim

Desviou do caminho

Extraviou do destino

O meu desatino

De amor infinito.

Meu verso

Minha prosa

O cheiro de rosas

O toque na porta

E alguma resposta

Que não vem...

19/01/11

4.1.11

Feliz Construção!!!


O que é novo? O que é velho? Aqui me pergunto a analisar os nossos votos de que tenhamos todos um Ano Novo acompanhado de tudo que consideramos benéfico para nós. A resposta me veio clareando ao longo dos anos, com a educação da alma, a percepção mais aguçada de que o novo se constrói dentro de nós e não nos é entregue de bandeja nesse tempo cronológico que criamos, que “fatiamos” para que nos tornasse mais confortável a vida, as rotinas, os recomeços...Ilusão desfeita de que nada me cairá do céu se eu mesma não construir o meu próprio céu interior que me permita fazer contato com a divindade que me habita, resta-me arregaçar as mangas e ir atrás das minhas estrelas, meu sol, minha lua, meu dia e minha noite.
Não posso comprar o meu Novo Ano, nem pedi-lo emprestado, nem exigir que o tornem melhor do que o foi 2010. Posso fazê-lo com muita coragem de enterrar meus mortos, espanar minhas poeiras, afastar minhas traças, aranhas e todos os bichos que compõem o meu cenário. É possível que eu tenha crises alérgicas, tosses, dores nas costas, mas a única varinha mágica que possuo para transformá-lo é o esforço do movimento.E para quem ficou parado muito tempo, o primeiro dia de malhação causa certo desconforto, mas a continuidade torna o corpo mais ágil, produz endorfina e melhora o desempenho na vida em todos os aspectos. Como disse Hermann Hesse “quem quiser nascer tem que destruir um mundo”. Só assim o novo mundo poderá se apresentar.
E aí? Vamos encarar a construção do nosso Ano Novo e fazê-lo ser muito feliz?
Acho que a gente se deve isso.