6.9.06

A nossa criança

Somos o somatório das nossas várias experiências, dos vários tempos vividos, das dores e alegrias sentidas ao longo do caminho. Em alguns momentos fomos submetidos a uma emoção tão forte que nos fez chorar, ainda que só por dentro. E porque temos que seguir, tocamos a vida sem que deixemos evidente aquela dor. Entretanto ela existe. Aquele "eu" machucado está lá num outro tempo paralelo, precisando de ajuda, de carinho, de um resgate pra que possamos caminhar libertos das amarras de um sentimento que nos limitou em muitos aspectos da nossa vida, sem que tivéssemos consciência disso.

Em muitos casos essas vivências se deram na infância. Nessa fase em que nos construímos como pessoas, em que construímos os nossos afetos, valores, conceitos...Essa criança sem defesa ficou lá, aprisionada num dado momento, e esse adulto que hoje somos, carrega o peso de algo não resolvido e não se dá conta. Acredito que precisamos nos permitir estar em contato com a nossa criança, para que possamos, mesmo sem saber, cuidar das nossas feridas.

Brincar é a saída. Buscar atividades motoras e artísticas que provocam prazer, que produzem endorfina, que abrem espaços dentro e fora de nós. É essa criança a responsável pelo nosso humor, por nossa vontade de viver, de crescer, de alcançar as estrelas, mesmo que sejam as do nosso céu particular.

Salvemos as nossas crianças internas, para que possamos salvar as outras crianças que estão sendo obrigadas a crescer antes da hora para atender a uma sociedade doente; para atender ao nosso pedido de socorro por sermos incompetentes para lidar com elas. A nossa parte criança é a nossa parte saudável, a parte que escolhe ser feliz, apesar de tudo, mas para isso é preciso cuidar dos nossos "dodóis". Vamos lá naquele lugar onde deixamos a nossa criança machucada. Vamos cuidar dela e dizer que tudo já passou, que estamos em condições de apoiá-la para que possa seguir em paz. A nossa criança será o nosso mestre e nos abrirá as portas da alegria e da paz.

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