2.10.06

Pessoas que nos traduzem II - Khalil Gibran

Menina ainda, tímida e com alma borbulhando de inquietações, busquei nos livros os aliados insuperáveis para acalmar a estranheza que sentia diante das coisas do mundo. Eis que um dia, não lembro-me como, me chega às mãos aquele que responderia ao vendaval de questões que assolavam o meu ser, não com as respostas prontas, mas com reflexões que serviam de pistas para me levar ao lugar onde mais desejava e desejo até hoje: a essência de mim mesma.

Khalil Gibran Khalil. Deus! Alguém no mundo consegue dizer com as palavras certas aqueles sentimentos indizíveis que atormentavam a minha jovem (assim eu pensava!) alma . Não estou sozinha! Gibran foi um fio de ouro que me despertou para o sentimento de unidade; foi o fio que teceu uma teia profunda que me fez perceber que estranhos somos todos nós quando não nos conhecemos e , consequentemente, não reconhecemos, o quanto somos iguais. Ficava a imaginá-lo e a escutar a sua voz sussurrando aos meus ouvidos:

“Não medi minha saudade com a marcha das estrelas, nem lhe auscultei a profundeza. Porque o amor, quando sente saudade do lar, escapa às medidas do tempo e às auscultações do tempo. Há momentos que equivalem a séculos e separação. Entretanto, a separação não passa de uma exaustão da mente. Talvez não nos tenhamos separado.”


“Muitas vezes damos à Vida nomes amargos, mas somente quando nós próprios estamos amargos e sombrios. E consideramo-la vazia e inútil, mas somente quando nossa alma anda vagueando por lugares desolados, e o nosso coração está embriagado pela excessiva preocupação consigo mesmo.”


“...a Vida sorri ao dia; e ela está livre, mesmo quando arrastamos as nossas cadeias.”
( Do livro “O Jardim do Profeta”)

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