11.3.09

Acordando o sol


Meus olhos percorrem o novo e te encontro solto no cotidiano que me embala. Olho-te de longe pra não sentir a velha sensação de segurança. Nas paredes brancas, sonho quadros que traduzam a alegria e a angústia que me compõem a vida. Viajo na possibilidade de expressar a inquietude que sempre me habitou, disfarçada de um tédio que quase me matou. Hoje estou feliz por me revelar tão múltipla, tão imprevisível pra mim, ainda que pareça a mesma para os outros. Os movimentos da alma são sutis e definitivos. Os movimentos da alma são infinitamente definitivos. Definitivamente infinitos. Sou infinita, mas um fio de luz me conduz. Já sei também das minhas escuridões provisórias, antes de encontrar um enorme clarão que me revela maior e mais inteira. As assombrações andam meio frustradas por eu não lhes dar mais a atenção de antes. Espero quietinha, ouvindo o meu coração, todas as noites amanhecerem. O sol é certo. É tão bom saber disso! O dia sempre amanhece. Tenho sonhado os meus dias e eles têm nascido mais claros e fortes. Não os entrego mais aos outros. Produzo os meus dias junto com Deus. Meu corpo se dilata um pouco mais, à medida que sonho. Folga suas grades e a alma invade outros espaços necessários. Tenho que olhar o mundo com um olhar novo. Tenho que olhar-te com um olhar despido do que foste antes. É imprescindível libertar a todos da velhice entediante que os prendi. Só assim serei livre pra nascer de novo e acordar o sol que há em mim.